O som reproduzido no interior de um carro é percebido de uma forma totalmente diferente do que o seria em uma sala comum. Isto se deve, não só a fatores ambientais, como também psicológicos.
O automóvel, enquanto ambiente para audição de som, apresenta condições bastante estranhas: acelerações e desacelerações, súbitos trancos originados pela pavimentação (ou falta de... ), um motor de combustão interna originando vibrações e interferências em quase toda a faixa audível, indo mesmo até a faixa de radiofreqüência. O calor, o pouco espaço e a tensão disponível de 12 V nominais não permitem grandes vôos de imaginação por parte dos projetistas do equipamento eletrônico, sendo ainda que as localizações disponíveis para falantes são extremamente limitadas, dentro de um meio ambiente agressivo, com extremos de temperatura e umidade.
Por outro lado, as condições internas de acústica alteram significativamente o equilíbrio harmônico, dificultam a reprodução de baixas freqüências devido à limitação volumétrica do habitáculo, acentuam demasiadamente as freqüências médias-baixas, e as áreas envidraçadas originam focalizações indevidas nos agudos. Aparentemente, a quantidade de problemas sugere que não é possível a reprodução de alta-fidelidade no interior do automóvel.
No entanto, a audição no carro, apesar da aparente falta de lógica, é, para muita gente, bastante satisfatória, como tem demonstrado a popularidade dos concursos automotivos.
Como então explicar essa aparente contradição?
Talvez algumas motivações para o gosto pelo som no carro tenham sua origem em uma esfera de ordem mais psicológica que propriamente acústica, como por exemplo, a própria dificuldade da instalação de forma a superar desses obstáculos, ou mesmo a possibilidade de poder contar com as músicas que mais gostamos em um passeio descomprometido por um lugar agradável.
De qualquer forma, um pouco de conhecimento de acústica pode servir para tornar mais fácil a "afinação" do som do automóvel e contribuir para o enriquecimento do nosso universo audiófilo.
Condições de Audição
O fator mais importante que modifica a percepção do som presente no ambiente do automóvel diz respeito ao ruído. Como ruído, entendemos todo o som originado por diversas fontes: o barulho externo do tráfego ao redor, dos pneus sobre a pavimentação, "grilos" na suspensão, vibrações do motor, vento, radiointerferência e muitos outros. O espectro de freqüências cobertas pelo ruído vai desde os subsônicos, produzidos principalmente pelas vibrações do motor e pela ação de compressões e descompressões atmosféricas que ocorrem nos espaços das janelas abertas; entram na faixa de graves, de 20 a 100 Hz, originados pela ação do rolamento; na faixa de médios e agudos, pelo motor e assobio do vento.
Isto significa que, a menos que seu carro seja um "Rolls-Royce" trafegando a baixa velocidade e em uma pista de pavimentação perfeita, há grande probabilidade de que o ruído presente esteja em torno de 75 a 90 dBA, ou até mais. Este dado é citado pelas diversas revistas especializadas em testes de automóveis e foi comprovado pelo autor por meio de medições diretas com um analisador de espectro (RTA) em carros pequenos e médios.
A figura mostra os resultados obtidos em autos trafegando por volta dos 80 km por hora. Na oitava mais baixa, o nível de ruído presente gira em torno de 90 a 100 dB e, progressivamente, vai diminuindo para as freqüências mais altas. Vale lembrar que em uma sala residencial típica o ruído varia em torno de 35 dB a 45 dB, nível que provavelmente só iremos encontrar para o carro para a oitava mais alta, acima de 8 kHz.
O intervalo presente entre máximas e mínimas, para cada faixa de freqüências, deve-se não só às condições extremamente mutáveis das fontes de ruído, como também aos diferentes graus de absorção acústica presentes nos diferentes modelos. Os carros maiores e mais luxuosos são os mais silenciosos.
Por outro lado, a presença de janelas abertas altera significativamente o espectro de ruído, especialmente para as duas oitavas inferiores, centradas em 31,5 Hz e 63 Hz,
O efeito notado é no sentido de aumento do nível, de 10 a 20 dB nessas faixas. O interessante é que isto é devido principalmente ao fato de uma janeIa aberta levar o ambiente a portar-se como um gigantesco Ressoador de Heimholtz. O vento soprando através da abertura produz um acoplamento acústico com o ar presente no interior do habitáculo variando a pressão sonora em uma faixa limitada de freqüências - até a faixa dos 60 Hz.
Do conjunto de medições efetuadas pode-se observar que os níveis de ruído presentes no interior dos autornóveis são muito elevados e tendem a mascarar o som em diversas faixas de freqüências, principalmente para as abaixo de 1 kHz, o que torna particularmente difícil a audição clara das freqüências médias e graves.
Não surpreende, portanto, o fato de ser bem menos sensível a exigência de qualidade para o áudio automotivo, em relação àquelas impostas pelos audiófilos High-End, já que as próprias condições de audição dificultam a escuta crítica.
Resposta Acústica do Habitáculo
A forma de construção e o pequeno volume interno tornam a resposta em freqüência característica do automóvel uma sucessão de picos e vales.
O automóvel, enquanto ambiente para audição de som, apresenta condições bastante estranhas: acelerações e desacelerações, súbitos trancos originados pela pavimentação (ou falta de... ), um motor de combustão interna originando vibrações e interferências em quase toda a faixa audível, indo mesmo até a faixa de radiofreqüência. O calor, o pouco espaço e a tensão disponível de 12 V nominais não permitem grandes vôos de imaginação por parte dos projetistas do equipamento eletrônico, sendo ainda que as localizações disponíveis para falantes são extremamente limitadas, dentro de um meio ambiente agressivo, com extremos de temperatura e umidade.
Por outro lado, as condições internas de acústica alteram significativamente o equilíbrio harmônico, dificultam a reprodução de baixas freqüências devido à limitação volumétrica do habitáculo, acentuam demasiadamente as freqüências médias-baixas, e as áreas envidraçadas originam focalizações indevidas nos agudos. Aparentemente, a quantidade de problemas sugere que não é possível a reprodução de alta-fidelidade no interior do automóvel.
No entanto, a audição no carro, apesar da aparente falta de lógica, é, para muita gente, bastante satisfatória, como tem demonstrado a popularidade dos concursos automotivos.
Como então explicar essa aparente contradição?
Talvez algumas motivações para o gosto pelo som no carro tenham sua origem em uma esfera de ordem mais psicológica que propriamente acústica, como por exemplo, a própria dificuldade da instalação de forma a superar desses obstáculos, ou mesmo a possibilidade de poder contar com as músicas que mais gostamos em um passeio descomprometido por um lugar agradável.
De qualquer forma, um pouco de conhecimento de acústica pode servir para tornar mais fácil a "afinação" do som do automóvel e contribuir para o enriquecimento do nosso universo audiófilo.
Condições de Audição
O fator mais importante que modifica a percepção do som presente no ambiente do automóvel diz respeito ao ruído. Como ruído, entendemos todo o som originado por diversas fontes: o barulho externo do tráfego ao redor, dos pneus sobre a pavimentação, "grilos" na suspensão, vibrações do motor, vento, radiointerferência e muitos outros. O espectro de freqüências cobertas pelo ruído vai desde os subsônicos, produzidos principalmente pelas vibrações do motor e pela ação de compressões e descompressões atmosféricas que ocorrem nos espaços das janelas abertas; entram na faixa de graves, de 20 a 100 Hz, originados pela ação do rolamento; na faixa de médios e agudos, pelo motor e assobio do vento.
Isto significa que, a menos que seu carro seja um "Rolls-Royce" trafegando a baixa velocidade e em uma pista de pavimentação perfeita, há grande probabilidade de que o ruído presente esteja em torno de 75 a 90 dBA, ou até mais. Este dado é citado pelas diversas revistas especializadas em testes de automóveis e foi comprovado pelo autor por meio de medições diretas com um analisador de espectro (RTA) em carros pequenos e médios.

A figura mostra os resultados obtidos em autos trafegando por volta dos 80 km por hora. Na oitava mais baixa, o nível de ruído presente gira em torno de 90 a 100 dB e, progressivamente, vai diminuindo para as freqüências mais altas. Vale lembrar que em uma sala residencial típica o ruído varia em torno de 35 dB a 45 dB, nível que provavelmente só iremos encontrar para o carro para a oitava mais alta, acima de 8 kHz.
O intervalo presente entre máximas e mínimas, para cada faixa de freqüências, deve-se não só às condições extremamente mutáveis das fontes de ruído, como também aos diferentes graus de absorção acústica presentes nos diferentes modelos. Os carros maiores e mais luxuosos são os mais silenciosos.
Por outro lado, a presença de janelas abertas altera significativamente o espectro de ruído, especialmente para as duas oitavas inferiores, centradas em 31,5 Hz e 63 Hz,

O efeito notado é no sentido de aumento do nível, de 10 a 20 dB nessas faixas. O interessante é que isto é devido principalmente ao fato de uma janeIa aberta levar o ambiente a portar-se como um gigantesco Ressoador de Heimholtz. O vento soprando através da abertura produz um acoplamento acústico com o ar presente no interior do habitáculo variando a pressão sonora em uma faixa limitada de freqüências - até a faixa dos 60 Hz.
Do conjunto de medições efetuadas pode-se observar que os níveis de ruído presentes no interior dos autornóveis são muito elevados e tendem a mascarar o som em diversas faixas de freqüências, principalmente para as abaixo de 1 kHz, o que torna particularmente difícil a audição clara das freqüências médias e graves.
Não surpreende, portanto, o fato de ser bem menos sensível a exigência de qualidade para o áudio automotivo, em relação àquelas impostas pelos audiófilos High-End, já que as próprias condições de audição dificultam a escuta crítica.
Resposta Acústica do Habitáculo
A forma de construção e o pequeno volume interno tornam a resposta em freqüência característica do automóvel uma sucessão de picos e vales.

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