Dâmaso nasceu em Civitas Igaeditanorum (depois
Egitânia, actual
Idanha-a-Velha),
[1] território que, no século IV, integrava a
Província da
Lusitânia, no
Império Romano, e que, atualmente, faz parte de
Portugal, filho de Antonius, que se tornou
Padre na Igreja de São Lourenço, em
Roma, onde seu filho ergueu, em sua própria casa, a
Basílica de São Lourenço em Dâmaso, e de sua mulher Laurentia, ambos também naturais da Lusitânia. Por essa razão, alguns consideram-no o primeiro Papa português. A importância da localidade fez com que o
Bispo da
Diocese da Guarda tivesse obrigatoriamente o nome de Bispo da Egitânia, mesmo depois da extinção deste Bispado.
A sua época coincidiu com a ascensão a imperador de
Teodósio I, seu conterrâneo da
Hispânia, e a adopção por ele do
cristianismo como religião oficial do Império Romano.
Foi eleito Papa em 1 de Outubro de 366, por larga maioria, mas alguns seguidores do anterior Papa
Libério, próximos do
Arianismo, consagraram o diácono
Ursino, criando um
Antipapa para tentar depor Dâmaso I.
Foram necessários dois anos de lutas sangrentas para que Dâmaso I assegurasse o seu direito ao papado. As batalhas entre os bandos seguidores dos dois postulantes foram de tal violência que num único dia de batalha foram recolhidos 137 mortos. Acusado pelos seus adversários de assassinato, Dâmaso I teve que se defender perante um Tribunal imperial. Porém o imperador
Valentiniano I apoiava Dâmaso I e no ano de
378 ele foi absolvido, enquanto o seu inimigo Ursino era desterrado.
Esse processo deu a Dâmaso I a oportunidade de ajustar as relações entre a justiça civil e a eclesiástica. O Estado passou a reconhecer oficialmente a competência da Igreja em matéria de fé e de moral, enquanto tomava a seu encargo a execução das sentenças ditadas pelo tribunal do episcopal.
Dâmaso foi um dos mais notáveis
papas do século IV, defendendo a Igreja de Roma contra eventuais
cismas, enviando legados ao
Primeiro Concílio de Constantinopla.
Foi um escritor de grande mérito, autor de valiosos
epigramas e de importantes
cartas sinodais. É citado no livro "Peregrino da América" como poeta português (Livro II). Escreveu em prosa e verso: Um livro sobre excelências da Castidade: Outro das vidas dos Pontífices até seu tempo: Outro Adversus Haereticos: Outro de Trinitate, e vários poemas e epitáfios, e quatro Epístolas Decretais.
[2]
Foi também o papa que encomendou a
Jerónimo de Estridão uma tradução da
Bíblia, a qual versão ficou conhecida como
Vulgata Latina, até hoje uma das mais importantes revisões bíblicas. O mesmo santo
Doutor da Igreja foi seu Secretário e o seu principal Conselheiro.
[2]
Dilatou a festa da
Assunção da Mãe de Deus para toda a Igreja Universal. Ordenou cantarem-se os
Salmos a coros nas Igrejas, e que no fim deles se acrescentasse o Gloria Patri, etc. Ordenou que o Sacerdote no princípio da Missa dissesse a Confissão geral.
[2]
Foi o primeiro Papa a usar com desenvoltura o
anel do Pescador, com o símbolo de
São Pedro, que ao contrário de hoje, era passado de pontífice para pontífice, assim que confirmada a sua morte, como símbolo de sua autoridade pastoral. O anel com a égide de Pedro, o primeiro papa, já não existe, pois foi destruído.
Os imperadores romanos, incluindo Constantino, continuaram a conservar o ofício de
pontífice máximo (
pontifex maximus) até 376 até que o imperador
Graciano, por razões cristãs, o recusou, já que reconhecia-o como idolatria e blasfémia. Há registos de que, em torno do ano 378, Dâmaso era nomeado pontífice, embora não fosse chamado de pontífice máximo, termo que aparece na
Bíblia para descrever homens abençoados (
Hebreus 5, 14), e em alguns casos o próprio
Jesus (
Hebreus 3, 1).
Morreu durante os governos dos imperadores
Valentiniano II e
Teodósio I e jaz em Roma, na referida Basílica de São Lourenço que ele mesmo edificara.
[2]
Considerando o silogismo genealógico "Na Beira, todos somos primos.", e dada a sua antiguidade, maior do que a de
Carlos Magno, o qual é dado exageradamente como ascendente de todos os Europeus Ocidentais, existe do mesmo modo a possibilidade de pelo menos todos os
Beirões, pelo menos os mais próximos da
Beira Interior (
Beira Baixa e
Beira Alta) ou mesmo da
Beira Litoral, serem, dalguma forma, seus parentes.
